Robson Conceição: o vendedor de picolé que chegou ao ouro

O lutador tinha uma rotina árdua, acordava às 4h da madrugada para ajudar a avó que vendia frutas, verduras e legumes em uma feira, ia para a escola, voltava ao trabalho e só depois então, ia treinar

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Robson superou um passado difícil até chegar ao topo do mundo. Nascido e criado no bairro Boa Vista de São Caetano, em Salvador (BA), o pugilista começou a treinar luta no quintal da própria casa para brigar na rua e demorou a descobrir o caminho certo, dentro do esporte. Sob influência de um amigo, iniciou em uma academia e percebeu que tinha talento para arriscar carreira na modalidade.

O lutador tinha uma rotina árdua, acordava às 4h da madrugada para ajudar a avó que vendia frutas, verduras e legumes em uma feira, ia para a escola, voltava ao trabalho e só depois então, ia treinar. Na época, sem dinheiro para a passagem de ônibus até a academia, na Liberdade, nove quilômetros de sua casa. Tudo correndo.

Ex-vendedor de picolé e ex-ajudante de cozinha de Salvador, Robson Conceição entrou para o esporte aos 13 anos com pretensões pouco ligadas ao espírito da Olimpíada. Ele queria melhorar sua técnica para usá-las nas brigas de rua do Carnaval de Salvador, onde nasceu.

No ano passado, completou mais de 12 meses como primeiro no ranking mundial em sua categoria (até 60 kg) e se tornou o primeiro brasileiro da modalidade a conseguir a vaga olímpica, graças ao bronze no último Mundial, no Qatar.

Robson Conceição é mais um pupilo de Luiz Dórea, técnico do campeão mundial Acelino Popó Freitas e de vários outros pugilistas de sucesso no Brasil, assim como é o mentor de Júnior Cigano dos Santos, ex-campeão dos pesos pesados do UFC.

“A Rafaela Silva (judoca, medalhista de ouro) veio de baixo, da favela como eu. Nada melhor do que tê-la como referência daqui por diante e seguir seu exemplo.”

O caminho

Robson foi o primeiro boxeador brasileiro a garantir vaga nas Olimpíadas do Rio, graças a medalha de bronze que conquistou no Mundial de Doha, Catar, no ano passado. Além disso, Robson foi um dos representantes do país nos Jogos Pan-Americanos de 2011, em Guadalajara, no México, onde conquistou uma medalha de prata no peso leve.

Essa foi a terceira participação de Robson em Olimpíadas. Nas duas primeiras ele foi derrotado logo na estreia. Em Pequim-2008, Robson lutou no peso pena (até 57,1kg) e perdeu na primeira luta para o chinês Yang Li. Em Londres, lutando no peso leve (até 61,2kg), novamente foi eliminado na estreia ao ser derrotado pelo britânico Josh Taylor. No Rio Robson competiu no peso ligeiro (até 60kg).

Mercado milionário

Robson espera seguir os mesmos passos dos ídolos Floyd Mayweather, Manny Pacquiao e Miguel Cotto, que também conquistaram medalhas olímpicas antes de se profissionalizarem. Por isso, Robson já decidiu que irá se profissionalizar logo após a disputa olímpica. Ele acredita que com uma medalha olímpica terá portas na transição da carreira. Com 27 anos ele espera lutar até os 35, e tem como pretensão ser campeão mundial no profissional.

Números
5º 
Colocado no ranking mundial da Associação de Boxe Amador (AIBA), que comanda o boxe olímpico.

4 lutas precisou fazer Robson para conquistar a medalha de ouro.

2 medalhas em mundiais tem o baiano que foi prata em 2013, no Mundial de Almaty (KAZ) e bronze em 2015, no Mundial de Doha, Catar.

8º atleta-militar brasileiro que conquista uma medalha no Rio. Terceiro-Sargento da Marinha ele se junta a Felipe Wu (prata no tiro), Rafaela Silva, Mayra Aguiar, Rafael Baby.

Fonte: O Tempo 

 

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