Consumidores migram para web e lojistas se adaptam

    519

    Se você comprou um livro no primeiro semestre de 2017, a possibilidade de ter feito isso pela internet é pelo menos dez vezes maior do que de ter feito em uma livraria física. Pesquisa realizada pela Pricewaterhouse Coopers (PwC) mostra que, entre osconsumidores brasileiros, 77% preferem comprar livros, música e videogames exclusivamente no comércio eletrônico. Apenas 7% optem unicamente pelas lojas físicas. O levantamento aponta que mais da metade dos entrevistados adquire, além dos produtos já citados, eletroeletrônicos, artigos esportivos e brinquedos só pela internet. Apenas na hora de adquirir comida e material de construção eles ainda preferem comprar em lojas físicas. “A migração das vendas offline para o online é uma realidade. A loja de rua está perdendo espaço e deve pensar o e-commerce como um canal de vendas a mais”, diz o diretor do Instituto Brasileiro de Vendas (IBVendas), Carlos Cruz.

    Segundo o levantamento da PwC, dos dez macro-setores do varejo restrito (não incluindo concessionárias de veículos), cinco têm mais da metade das vendas feitas pela internet.

    No primeiro semestre de 2017, as vendas na web cresceram 7,5% frente ao ano anterior, segundo a consultoria E-bit. Na mesma comparação, a venda do comércio caiu 0,2%, diz o IBGE. “O diferencial da internet é a disponibilidade, a concorrência não está mais na loja do lado, mas no bolso, no celular”, diz Patrícia Prado, gerente sênior da PwC Brasil.

    Guilherme Pinho, dono da loja de sapatos Black Boots, conta que, nos últimos dois anos, garantiu a sobrevivência de sua marca com o e-commerce. “Hoje, vendo o dobro no site do que na loja física e ampliei meu mercado. Antes, vendia só em Belo Horizonte, agora tenho clientes em Manaus, São Paulo e Rio de Janeiro”, diz. Ele defende ter vários canais de venda. Com o crescimento da loja virtual, ele diminuiu os custos com a loja física, onde as vendas caíram 40%. “Tinha uma loja de 300 m² na Savassi. Só de aluguel e IPTU, pagava R$ 14 mil por mês. Hoje, tenho um galpão com a mesma metragem em Nova Lima e uma loja menor. Ficou mais barato”, diz.

    Para o vice-presidente da CDL-BH, Davidson Luiz Cardoso, quem define os preços hoje é a internet. “Funciona como uma tabela porque o consumidor sempre pesquisa”, avalia.

    Para a turismóloga Fernanda Júnia de Oliveira, 34, o preço é o principal diferencial da internet. “O que me atrai são os preços, além da comodidade”, conta. Ela afirma que compra praticamente tudo, de roupas a eletrodomésticos, na web, em lojas conhecidas, de outras cidades do país e até na China. A social media Luanna Guedes, 37, mudou seus hábitos de consumo para se adaptar às compras pela internet. “Agora sou mais planejada, sigo as promoções, e já consegui comprar cinco blusas pelo preço de uma”, comemora.

    2016. Enquanto o varejo perdeu 108,7 mil lojas físicas em 2016, foram abertas 53 mil novas lojas virtuais, entre o mês de junho de 2016 e de 2017, chegando a 600 mil e-commerces na data.

    Segmentos mais afetados investem em nichos e eventos

    Em dois anos, entre o mês de junho de 2015 e o de 2017, quase 8 milhões de brasileiros passaram a comprar na internet, segundo pesquisa realizada pela consultoria E-bit. Nesse período, o volume de vendas no comércio ampliado calculado pelo IBGE caiu 3,98%. “Hoje eu alcanço 30%, no máximo 40% do faturamento de dois anos atrás”, conta Humberto Moreira, dono da loja de CDs e vinis acústico, na Savassi. Para Moreira, sua sobrevivência se dá pelo baixo custo e por atuar em um nicho de mercado. “Mantemos um custo pequeno. É uma loja em que o dono trabalha e tem mais um funcionário. Além disso, atendemos um público que busca uma qualidade de som diferenciada”, afirma.

    O empresário admite ainda que a internet trouxe outra relação com a música. “Tem gente que, hoje, acha que comprar um CD é um prejuízo. Todo mundo tem um serviço de streaming de música no celular”, diz. Mas ele defende seu mercado. “Tivemos uma época de ouro, que os nativos digitais não vão viver. Entrar numa loja de disco, ouvir um som e conversar. A humanidade perdeu isso”, pondera.

    O dono da Livraria Ouvidor, que existe há 43 anos, Bernardo Ferreira, afirma que investe em eventos e lançamentos. “Atendo o cliente que ainda gosta de ter todos os lançamentos literários juntos”, avalia.

    “Alguns setores são mais afetados pela internet do que outros. Nesses casos, o comércio tem que agregar serviço”, diz o vice-presidente da CDL-BH, Davidson Luiz Cardoso.

    Fonte: Varejista

    Like
    Like Love Haha Wow Sad Angry

    Comments

    comments